Documentário Helvética, 2007
O embate apresentado entre as visões modernistas e seus opositores em torno do uso de uma única tipografia neutra ressalta pontos de vista contrastantes traspassados por meio da arte. Defensores do uso da Helvética acreditam que sua neutralidade permite um amplo acesso democrático e massificado à comunicação, característica cujo documentário ressalta sua ambiguidade controversa quando amplamente aderida pelo sistema capitalista, visto que evidencia o conteúdo expresso no texto de forma onipresente, sem dúbias interpretações. A problemática encontra-se, todavia, quando críticos apontam a curiosa ligação da helvética com grandes corporações apoiadoras da Guerra do Vietnã, uma interessante percepção de como o caráter aparentemente “neutro” do design serve como forma de dominação: a helvética passa despercebida para seus leitores. Seguindo no campo das críticas, o documentário apresenta dentre inúmeras visões a pontuação de David Carson, defensor da tipografia como forma de expressão e, portanto, grande opositor ao uso da fonte suíça, que ressalta a tênue diferença entre a simplicidade e o tédio; por exemplo, a fuga do uso da Helvética permitiu a criação de marcas características como a Marlboro, cujo reconhecimento dá-se pela sua fonte específica, por outro lado, foi a tipografia padronizada na criação da AmericanAirlines que permitiu sua atemporalidade. A busca pela adesão ou não à helvética traz a tona, portanto, uma grande discussão em torno dos conceitos de legibilidade e de comunicação, cujas análises partem de visões de mundo diferentes, demonstrando a grande influência do design em aspectos variados da vida humana.
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