Reflexão do texto "Para além do corpo cravado de likes: a revolução deverá ser lúdica!" de José Cabral
O que conhecemos como cidade nasceu por meio do processo de sedentarização humana e do seu decorrente desafio de domínio da natureza. A cidade elencada como 'imã' (ROLNIK, Raquel) teve como suas primordiais finalidades a atração e a concentração de pessoas - inicialmente, por meio da aglomeração em volta do que acredita-se serem os 'templos' cultualísticos - uma característica espacial que pode ser descondizente com as atuais cidades globais, uma vez que o sistema tecnológico ultrapassou todas as barreiras físicas. Em outras palavras, tijolos, muros e fronteiras, sejam no aspecto de uma casa ou até mesmo de uma divisão continental, não conseguem mais serem elementos separadores de comunicação; a rede promove uma interseção de pessoas e/ou ideias que gera pluralidade e, portanto, configura uma nova esfera de espaço e tempo. Como consequência desse processo, a 'modernidade líquida' (BAUMAN, Zygmunt) encontra novas peculiaridades: a medida em que as chamadas "redes sociais" extrapolam as noções de espaço e acentuam as novas inter-relações - dispensadas de distâncias físicas - elas acabam, por outro lado, gerando uma busca humana cada vez maior para o isolamento; a solidão do espaço físico. O uso de carros individualizados, lofts compactos, fast-foods, prateleiras em supermercados para quem mora sozinho e demais alternativas são um exemplo disso. Dessa forma, pode-se dizer que a cidade vem ressignificando seu processo originário de atração, gerando novas formas de composição espacial. O novo desafio encontra-se, então, em dominar o espaço tecnológico.
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